Eis uma apertada síntese da grande
história do universo. Em geral, a ciência descreve o fenômeno observado, mas
não explica o porquê da existência do fenômeno, o que o causa. As leis são
pontos de partida para as perguntas existenciais. Vamos explorar a existência
partindo da física.
Antes da Grande Explosão, não havia
matéria, não havia tempo, não havia espaço, não havia a Física. Existia apenas
o Nada para a física. O Nada disse para o Acaso: faça-se o Big Bang. O Big Bang
foi feito. A matéria foi feita. O tempo foi feito. O espaço foi feito. A física
passou a existir. A física é a ciência do estudo da matéria por excelência.
Estuda desde as partículas atômicas até as grandiosas galáxias. Ela deveria ser
o conhecimento e a ciência mais indicada para explicar a existência do universo.
E ela explica, mas parcialmente. A astrofísica vai nos levar ao início do universo,
o início da matéria-tempo-espaço. A teoria do Big Bang vai demonstrar a origem
única de todo universo. Antes, o Nada existencial.
Hoje, tudo que existe no universo veio da
explosão inicial do universo, ocorrida há cerca de 13,7 bilhões de anos atrás.
Tudo estava estranhamente microscopicamente condensado num tempo-espaço
encurtado no momento do Big Bang. Este autor, você leitor, meu pé de coco, seu
cachorro que já morreu, a lua, todas as galáxias, tudo veio desta explosão
inicial. Por que isto aconteceu, a ciência não sabe dizer, mas isto não é
mistério para as religiões. A ciência tem problemas com o “porquê” e pode
apenas dizer o “como” isto aconteceu.
Há outras teorias concorrentes do Big
Bang, mas esta é a mais aceita e popular. Desde a explosão inicial até a
atualidade, esta história cósmica costuma ser dividida em limiares por
estudiosos. Estes limiares são pontos relevantes da narrativa existencial do universo
e da vida. Estes pontos de virada são explicados em termos de sorte, acaso,
acidente e forças cegas pela ciência tradicional. O Big Bang, a criação do universo
seria o primeiro limiar e a criação da vida outro limiar.
Inicialmente, a astrofísica investigou a
criação do universo. Frações de segundos após a explosão do Nada, nasceram as subpartículas
dos átomos: os quarks e os glúons. Depois, surgiram os elétrons, prótons e
nêutrons. Em seguida, nasceu o átomo de hidrogênio. Este átomo é o mais
simples, composto de apenas um elétron, um próton e um nêutron. Naturalmente, o
segundo átomo mais simples veio depois: o hélio com dois elétrons, dois prótons
e dois nêutrons.
A explosão inicial ainda criou um pouco de
lítio, mas o Universo esfriou e parou a produção de átomos pela fusão nuclear
do Big Bang. Num segundo limiar, a quase totalidade do universo era de
hidrogênio, que aglutinou e passou a criar as estrelas. Estas ficaram com a
incumbência de produzir os demais átomos. A gravidade vai aglomerar o
hidrogênio dentro das estrelas e a ação da gravidade vai promover o processo de
fusão nuclear. Consequentemente, estas fusões produziram (ainda produzem)
outros átomos. O resto de átomos da tabela periódica são formados pela
aglutinação e fusão no interior das estrelas. Este processo de fusão nuclear
ocorre até hoje e isto resulta em enorme energia que faz as estrelas brilharem.
Assim, a fusão do hidrogênio no interior das
estrelas serve de matéria-prima para criação de elementos mais pesados, como
oxigênio (que com hidrogênio forma a água) e carbono (base para todas as
moléculas complexas ligadas o metabolismo). O processo de fusão continua até a
estrela explodir, formando a supernova. Este fenômeno dispersa elementos
pesados pelo espaço. Vale dizer, cada átomo de nosso corpo foi formado dentro
de estrelas e disperso pelas várias supernovas. Astrofísicos e astrônomos dizem
que somos poeira estrelar.
Narradores da Grande História do Universo
vão dizer que a formação de estrelas é o segundo limiar. A formação de
elementos complexos dentro das estrelas seria o terceiro limiar. A formação da
Terra seria o quarto limiar. Há cerca 9 bilhões de anos, o Sol formou-se no
interior da Via Láctea. Gravitando em torno dele, a Terra e os outros planetas
do Sistema solar eram poeira, enriquecida com elementos pesados. Perto de 4,5
bilhões de anos atrás, a Terra formou-se ao lado de um conjunto de planetas que
circulam em torno do Sol por causa da gravidade. Desde a explosão inicial até
hoje, o universo continua em processo de expansão, astros deslocando no
tempo-espaço. A trajetória destes corpos pelo universo revela padrões
demonstráveis pela matemática. Esta ordem física vai ser percebida e
matematizada por Isaac Newton.
Sir
Isaac Newton praticamente modelou a física clássica. Ele vislumbrou ordem na
movimentação de coisas pequenas (maças) e grandes (planetas) de todo universo.
A ordem física demonstra padrão e isto leva a uma harmonia e estabilidade do
sistema cósmico. Físicos e matemáticos buscam padrões na natureza. A obra de
Newton “Principia” (1687) demonstra leis do movimento da mecânica clássica,
algo no tempo-espaço, e configura a ordem física. Ele utilizou equações matemáticas
para explicar tais fenômenos naturais. Suas três leis em forma de equações
matemáticas embasam a movimentação dos corpos tanto pequenos quanto grandes
como os planetas e estrelas. Estas três leis descrevem a dinâmica dos corpos,
atuação de forças nestes corpos e prevê as posições destes corpos em função do
tempo.
1ª Lei de Newton, a Lei da Inércia: “Todo
corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em uma linha
reta, a menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças aplicadas sobre
ele.” Em outras palavras, esta lei diz que se nenhuma força atua nos objetos em
repouso ou movimento uniforme com velocidade constante, tais objetos tendem a
continuar em repouso ou em movimento uniforme. Vale dizer, se o objeto está
parado, continua parado; se o objeto estiver em movimento uniforme sem aceleração,
ele continua em movimento uniforme sem aceleração caso não haja forças atuando
sobre o objeto.
2ª Lei de Newton, conhecida como Lei da
Superposição de Forças ou como Princípio Fundamental da Dinâmica, é assim
proposta: “A mudança de movimento é proporcional à força motora imprimida e é
produzida na direção de linha reta na qual aquela força é aplicada.” Esta lei
vai explicar a aceleração.
3ª Lei de Newton, Lei da Ação e Reação: “A
toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: as ações mútuas
de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em sentidos
opostos”. Essa lei diz que todas as forças surgem aos pares: ao aplicarmos uma
força sobre um corpo (ação), recebemos desse corpo a mesma força (reação) com
mesmo módulo. Essa lei permite-nos entender que, para que surja uma força, é
necessário que dois corpos interajam, produzindo forças de ação e reação. Além disso,
é impossível que um par de ação e reação se forme no mesmo corpo. Outra
informação contida no enunciado da Terceira Lei de Newton indica que os pares
de ação e reação têm a mesma intensidade, mesma direção, porém sentidos
opostos.
Notem que a física clássica e a
astrofísica tratam da interação de forças em objetos que repercutem no
tempo-espaço. Toda a física busca descrever algo no tempo-espaço. O objeto de
estudo desta é uma trilogia: matéria-espaço-tempo. Em outras palavras, todo
sistema físico é algo no tempo-espaço. A abordagem da física e também de
matemáticos busca de padrões para poder enquadrar em leis, em equações, em
matemática para prever o futuro. A física descreve fenômenos naturais do
passado para o futuro linearmente. Da mesma forma, a astrofísica também vai
falar de matéria-tempo-espaço como algo no tempo-espaço.
Além da observação, a ciência depende da
matemática. O pensamento científico desenvolveu-se com Copérnico, Galileu,
Descartes e Newton. A observação empírica tomou força. A experimentação permite
a comprovação do conhecimento. A realidade deve ser submetida à observação
empírica e depois ser mensurada pela matemática. A matemática toma posição
central na ciência. Teorias científicas exigem linguagem matemática, apesar da
natureza da matemática ser desconhecida pela ciência. Temos um paradoxo aqui.
Estudiosos não entendem como a matemática atinge até o mundo criado pela mente
humana, como negócios e finanças. A ciência costuma dividir a realidade em
natural e artificial, como se o homem não fizesse parte da natureza. Realmente,
o universo é regido pela matemática até aquele produzido pela mente humana.
Fazendo coro, Platão e Pitágoras já
exaltavam a matemática há milênios atrás. Pitágoras via números em tudo, em
todos e eles regiam a harmonia do cosmo. Platão localizou a matemática no mundo
das ideias eternas. A matemática, localizada no mundo metafísico, fora do
tempo-espaço seria o conhecimento supremo da existência. Determinado os
axiomas, 2 + 2 = 4, independentemente do tempo, espaço e do mundo físico. Esta
equação não é conhecimento empírico, mas sim abstrato e lógico. Logo a
matemática pertence a algum mundo metafísico. Ela não é uma ciência autônoma
como pensam alguns, mas o instrumento de todas as ciências.
Mesmo entre cientistas, a matemática
ganhou lugar especial. Galileu acreditava que ela era a linguagem de Deus. Para
entender o Universo e Deus era só entender a matemática. A autoria divina da
matemática chocou com a ideia de autoria divina da Bíblia, pois as equações
matemáticas retiraram a Terra do centro do universo. Galileu teve que desdizer
o que disse para não queimado na fogueira santa.
Na mesma época deste italiano só que na
França, Descartes une álgebra e geometria, alargando o poder da
matemática. Cientistas, estatísticos e
economistas hodiernos trabalham com a geometria analítica. Tal ideia possibilitou
a aplicação da matemática em um enorme campo de estudo. Newton embarcou nesta
ideia, equacionou as leis basilares da mecânica e descreveu o movimento dos
planetas. Ele ligou a Terra com o universo e colocou os dois sobre a autoridade
da matemática. A ciência ganha autonomia e separa da filosofia, apesar da
filosofia sempre estar lado a lado com a matemática.
O triunfo da matemática nas ciências
físicas atraiu seu emprego nas ciências biológicas, humanas e sociais.
Estatística e probabilidade foram os instrumentos para as novas ciências lutar
contra o acaso e calcular as possibilidades de resultado. A economia, o esporte
e outras atividades sociais têm base nestes dois entes matemáticos. Isto leva a
ideia de quantidade para as ciências sociais. A matemática seria a linguagem da
natureza e também a linguagem do homem.
Nesta vibe, o conhecimento científico
passa exigir objetividade, focar no objeto de estudo em oposição ao sujeito. O
sujeito do conhecimento deve se afastar e controlar o objeto do conhecimento
para não influenciar a pesquisa. Esta
deve permitir a prova de experimentação por outros cientistas, possibilitando
teste posterior que demostre a precisão. Ou seja, a ciência tem que ser
quantitativa e testável para que experiências posteriores nas mesmas condições
possam reproduzir a mesma quantidade. As leis estão inscritas na natureza, o
conhecimento positivo é determinista.
Esta metodologia científica exige um
caminho para resultado. Inicia com a hipótese, uma suposição preliminar sobre
uma série de observações. Ela é criada inicialmente para explicar um fenômeno.
Posteriormente, ela deve ser testada em condições controladas, para confirmar
ou confrontar a hipótese. Para embasar uma teoria sólida, os resultados
matemáticos destes testes devem ser os mesmos, depois de repetidas vezes.
Enraizada no conhecimento, a ciência
atinge a glória no século XIX com o positivismo e o evolucionismo. As ciências
naturais passam a ter mais aplicação na prática. A filosofia perdeu a
supremacia e passou ser um anexo da ciência. Quase todos os objetos de estudo
tradicionalmente da filosofia transmigraram para as ciências como a política, a
ética, a psique, liberdade, igualdade, entre outros. O idealismo e até mesmo o
racionalismo perderam força para o empirismo e realismo numa disputa ideológica
e estéril.
Todavia o pensamento positivista
enfraqueceu no século passado. As
ciências tiveram dificuldade quando o sujeito passou a ser objeto do
conhecimento nas ciências humanas, possuidor de consciência e subjetividade. Da
mesma forma em todas as ciências, o sujeito do conhecimento também é um ator neste
cenário e submete sua pesquisa a seu pensamento. Esta subjetividade acaba
influenciando sua pesquisa. Advém a se falar em objetivação da subjetividade. A
ideia de lei e determinismo perde força nas ciências humanas que podem apenas
falar em tendências.
Depois das ciências humanas, a física
também passou por uma mudança de paradigma ao perceber sua limitação. As subpartículas do átomo tinham
comportamento estranho e não determinista. Em seguida, as teorias do caos e da
incerteza enfraquecem o determinismo e a ideia de lei. A física moderna
assevera a impossibilidade de predizer o resultado de todo experimento. A
física quântica desconsiderou o determinismo para empregar a probabilidade.
Em continuidade das limitações da física,
seus objetos de estudos passam por problemas ontológicos com física quântica. A
eletrosfera do átomo tem 99,99% de vazio. Ou seja, a matéria é um grande vazio.
A dualidade onda-partícula da física quântica questiona a existência da
matéria. Enquanto a partícula subatômica tem massa, posição no espaço e forma
definida, a onda não tem massa, nem posição espacial, nem forma definida. As
ondas são perturbações e têm algumas propriedades como transportar energia no espaço,
mas sem características comuns com as partículas. O tempo e espaço eram fixos
com Newton, relativos com Einstein e sofrem com sua existência na física
quântica.
Apesar destas reviravoltas científicas, a
matemática permanece irretocável dentro da ciência. Mas a natureza da
matemática é paradoxal para a ciência que faz vista grossa. Para nós, a
matemática tem natureza metafísica, pois não possui nenhum dos elementos da
trindade física, matéria-tempo-espaço. A matemática não tem substância e
funciona igualmente em qualquer tempo-espaço. A ciência gosta de dizer que ela
é abstrata, mas que tem aplicação prática em todo conhecimento. Ainda assim,
não se questiona a existência da matéria-tempo-espaço, objetos da física, como
se questiona a existência dos objetos da matemática e da linguagem.
A ontologia da matemática e da linguagem
questiona a existência de objetos matemáticos e linguísticos. A filosofia da
matemática e da linguística moderna tende a negar a existência de tais objetos.
Os objetos de estudo das ciências são materiais e aparentemente fáceis de
definir. A medicina estuda o corpo humano. A biologia, a vida. A sociologia, a
sociedade. A química, os elementos da tabela periódica. A física, a sua
trindade. Mas o que estuda a matemática e a linguagem? Quais os seus objetos de
estudo? Nós advogamos a existência de objetos matemáticos e linguísticos como
números e equações, palavras e frases. Tais objetos existem, pois eles são objetos
metafísicos, caracterizam sistemas que pareiam quaisquer objetos e sistemas
físicos.
Desde a revolução cognitiva a dezenas
milhares de anos atrás, a existência é um vai-e-vem entre a física e a
metafísica. Linguagem é a capacidade de criar uma realidade imaginada com
palavras. Quando a linguagem é utilizada na comunicação, nós temos uma metafísica
em interação com a física. Nosso conhecimento é um indo e vindo entre matéria e
mente. A nossa realidade é então um vai-e-vem entre o mundo físico e o mundo
metafísico. Nosso pensamento e nossa língua são puras abstrações, sem
substância e com tempo-espaço diluídos. Igualmente, a matemática quando pensada
e/ou raciocinada, nós temos uma atividade puramente metafísica. Agora, quando
ela é utilizada para medir e quantificar objetos, nós temos a metafísica
aplicada à física.
Além da falta de solução para este
problema da natureza da matemática, o conhecimento ainda enfrenta outros
problemas cósmicos. A física busca padrões na natureza, enquadra estes padrões
na matemática, vislumbra leis naturais e prevê o futuro. Aqui, a física
enfrenta dois problemas que nós chamamos de legitimação da ordem estabelecida e
natureza destas leis naturais. Quem estabeleceu estas leis? Como acessá-las
pelos sentidos? Onde estão escritas estas leis? Apesar de serem leis físicas e
regularem objetos materiais, não as vemos explícitas na natureza. Não podemos
também as ver, cheirá-las, tocá-las, saboreá-las e nem mesmo ouvi-las, mas
temos que processá-las na mente, um mundo metafísico. A lei gravidade e sua
aceleração não estão escritas na natureza, mas devem ser processadas
mentalmente. Neste sentido, tais leis são leis metafisicas e não físicas.
Para a primeira questão, façamos uma
analogia com as leis humanas modernas. Juridicamente, a ciência do direito usa
a metáfora fonte ao se referir de onde vêm as leis. O direito geralmente
resolve o problema da legalidade com um processo político. As leis devem vir de
uma autoridade legal e representativa dentro de um sistema democrático. O povo
elege seus representantes parlamentares que lhes permitem produzir leis para regulamentar
o comportamento humano a partir de padrões morais, sociais, econômicos e culturais.
Estas leis são sancionadas pelo chefe do executivo e passa a valer para todo
cidadão. A legitimidade destas leis dá uma ordem, estabilidade e harmonia para
a sociedade. Igualmente, as leis físicas dão uma ordem para o universo.
A física e as ciências em geral vão
defender que estas leis naturais não vêm da autoridade do homem ou de deus, mas
vêm da autoridade da Natureza. Algumas religiões naturais fazem eco com esta
ideia. Aqui, nós vamos enfrentar a
questão da natureza desta “Natureza”, com o perdão da redundância. A ciência
costuma vislumbrar o homem fora desta Natureza e tudo que ele produz é
“artificial”, como se o homem não fizesse parte da natureza. Seria esta
“Natureza” uma entidade com inteligência, pois as equações têm inteligência? Se sim, como a natureza autoproduziu as suas
leis? Se não, como todos os sistemas e suas leis vêm do Nada? A física não faz
a menor ideia. As religiões resolvem a questão da legalização das leis naturais
com a metafísica, com a ideia de uma inteligência primeira, com um ato de
vontade de um deus. Todavia, fazem isto com os mitos e de forma infantil.
Esta questão da natureza das leis físicas
passa pelo metafísico, pois tais leis são processadas pela mente, uma base
metafísica. A ciência se diz empirista-materialista, vale dizer, para existir
tem que ser possível ver, cheirar, degustar, ouvir ou tatear o objeto de
estudo. Ela aciona os sentidos para serem experenciadas seus objetos. Mas como
fazer isto com as leis de newton? Elas não estão escritas em lugar nenhum, mas
sim processadas mentalmente pela matemática e pela linguagem, instrumentos
metafísicos. Desde a revolução
cognitiva, melhor dizendo revolução metafísica, o pensamento é um indo e vindo
entre física e metafísica.
Então as leis físicas, em verdade, são
leis metafísicas. Nossa origem é metafísica, nossa natureza é metafísica, a
linguagem e a matemática são metafísicas. A metafísica é ilimitada. A
matemática e a linguagem são ilimitadas. A linguagem humana tem abertura que
permite, a partir de poucas regras, elaborar uma infinidade de frases com diferentes
significados. Podemos consumir, armazenar e comunicar infinitas informações sem
limites de tempo-espaço-matéria. Exemplificando, podemos representar uma
narração: eu vi um cara armado matar outro, 30 dias atrás, na fazenda de seu
José. Esta narração pode ser mentira ou verdade, mas sendo uma ou outra ela só
existe metafisicamente na mente do autor da narração e, em seguida, do ouvinte.
Note que ele volta 30 dias atrás e pode contar a história longe da fazenda
citada. Tal narrativa volta ao passado em outro espaço, longe do evento em si. Diferentemente,
a física vive o tempo-espaço linearmente.
Apesar da metafísica ser ilimitada, a
física tem limite. Segundo a ciência, a existência da vida e o universo rumam
inexoravelmente em direção a extinção. Aqui, a ciência faz coro com as
religiões apocalípticas. O Sol está cada vez mais quente e em um bilhão de anos
estará tão quente que não permitirá a vida, pois não haverá água. Isto, se
antes o homem não se autodestruir com guerras e bombas atômicas. O apocalipse
final vai ser causado pelo Sol. Ele vai virar uma supernova, uma explosão, mas
restam ainda 5 bilhões anos de existência do Sol.
Noutro giro, o universo tem muitas
estrelas e continua fabricando novas estrelas. O homem poderia colonizar outros
planetas, outras estrelas, outras galáxias. Mas mesmo avançando na tecnologia
espacial, o apocalipse virá. O universo está em expansão e, assim, rumo à
diluição. Esta diluição esgotará a energia e o universo estará morto. Assim o universo
é algo que veio do Nada e para o Nada voltará. O universo é uma existência
entre 2 Nadas para a ciência.
Desde Newton, a ciência vislumbra uma
ordem física no universo, mas esta ordem pode ser extinta. Enquanto a física
prega forças cegas do universo, a biologia vai pregar uma evolução cega da
Vida.
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