sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Capítulo 6 do livro EXISTENCIALISMO METAFÍSICO, A ÚLTIMA FILOSOFIA

 

6 – Ordem Biológica

 

 Depois de estruturada a ordem física da grande narrativa científica, surge a ordem biológica. Igualmente a ordem física, a ordem biológica tem origem única.  A evolução dos estudos da genética nos levou a relevante constatação das semelhanças entre todos os seres vivos. As bactérias contribuíram com parte de nossos genes. Animais, plantas, amebas, bactérias e vermes, tudo tem a mesma e única origem biológica. Parte da teoria evolucionista de Charles Darwin realmente é válida. Os seres humanos tem um código genético comum, uma espécie de linguagem biológica e universal da vida.

Nosso planeta tem cerca de 4,5 bilhões de anos, enquanto a vida surgiu na Terra há cerca de 3 ou 4 bilhões de anos. Para explicar o nascimento da vida, a biologia vai falar de acidentes, acaso e fatores de sorte, igualmente a física. Com muita sorte, a Terra formou-se em uma exata distância do Sol para a vida, o que favoreceu o estado líquido da água. A vida biológica vem da água e esta permitiu um “sopão primordial” que deu origem à vida. Um acaso cósmico de sorte foi a colisão da terra com um asteroide. Os destroços e a gravidade permitiram a formação da lua. A lua age como um contrapeso, estabelecendo a rotação da Terra e impedindo oscilações catastróficas no clima, permitindo a vida.  

Outros acidentes de sorte para a vida ocorreram. A Terra era uma esfera de fogo, mas esfriou. Os metais mais pesados deslocaram para o centro e formou um núcleo rotacional. Estes acontecimentos formaram um campo magnético na Terra. Este magnetismo nos abriga da radiação solar. Júpiter, maior planeta do Sistema Solar, tem o raio 11 vezes maior que a Terra. Em razão desta admirável dimensão, Júpiter tem uma enorme gravidade que atrai a maioria dos meteoros errantes. Este fato deixa o planeta Terra protegido contra asteroides. A vida seria inviabilizada na Terra sob chuva de meteoros. Entretanto, um destes asteroides errantes passou pelo sistema gravitacional de Júpiter e atingiu a Terra. Esta catástrofe promoveu a extinção dos dinossauros e a evolução dos sortudos mamíferos. Outro golpe de sorte, uma mutação aleatória de uma primata vai separar uma linhagem que vai originar o homem. O homo sapiens vai reinar absoluto dentre outras linhagens que irão extinguir misteriosamente. Dentre outros fatores cósmicos, se um único destes acidentes e golpes de sorte não tivesse ocorrido, não haveria história humana. Não teríamos ordem físico-biológica e nem estabilidade. Todos estes fatores aleatórios permitiram a vida biológica.

Acidentes, acasos e sortes organizaram “inteligentemente” este “sopão primordial” citado para que desse origem a vida. O conteúdo orgânico e o inorgânico são produzidos dos mesmos átomos, mas a ciência não sabe como e nem porque isto acontece. Como a matéria é animada pela vida? Em laboratório, a ciência não consegue transformar a matéria inorgânica em orgânica. A ciência não explica como uma substância inanimada de repente se transforma em uma coisa viva. Os cientistas acreditam – eles também têm fé - que tudo começou com uma molécula mágica que armazena genes. Ela se juntou ao acaso com as proteínas para formar a primeira célula, uma vida.

Entretanto, explicações científicas como seleção natural, auto-organização, moléculas ingênuas não conseguiram explicar estes ajuntamentos para a formação da vida. Uma explicação a partir de uma evolução química é cega. A ciência não tem uma solução material para origem da vida. Muitos químicos acreditam que a vida surgiu espontaneamente ao acaso, como golpe de sorte a partir de misturas de moléculas na terra pré-biológica. Como, eles não fazem a menor ideia, já que as probabilidades não são favoráveis. A chance de uma química cega formar uma única proteína é ínfima, improvável e beira o impossível. A improbabilidade aumenta muito mais quando se considera que uma célula bem simples tem centenas de tipos de proteína. Ainda, tem o DNA com cálculos estatísticos elevando a improbabilidade. Então, a origem da vida para a ciência biológica passa por uma série fenômenos improváveis da natureza.

A biologia atribui à vida, tudo o que vive hoje, resultado de uma molécula de DNA, oriunda a 2 ou 3 bilhões de anos de atrás. Por acidentes, esta matriz produziu seres tão distintos por “defeitos” de fabricação. Seu sistema de cópia do código genético de uma geração para outra tem falhas. Assim, sempre surge uma mudança nas letras do DNA. Depois de algumas centenas de milhões de anos, animais e plantas se espalham pela Terra. Numa evolução magnífica, surge uma linhagem de primatas que donde vai surgir o homem. Há cerca de 3 milhões de anos atrás surge o gênero homo. Há cerca de duas ou três centenas anos, de uma linhagem não muito clara, surge os Homo Sapiens, seres humanos anatomicamente modernos. O homem passa pela aprendizagem coletiva, pela revolução agrícola e pela revolução industrial. Hoje estamos aqui noutra revolução, a tecnológica.

Para a ciência oficial, estamos aqui depois inúmeros “golpes de sorte”. Alguns destes golpes de sorte, os estudiosos chamam de limiares. Após a explosão inicial de sorte do universo, segue outras explosões estrelares. Desta série de explosões estrelares, fez surgir uma estrela, o Sol, mas que tem um planeta de sorte, por estar a uma distância de sorte do Sol, Júpiter e da Lua. Neste planeta, surge um oceano que contém um “sopão” de sorte, donde surgiu a vida. A vida espalhou pela terra, evoluiu e surgiu o homem por sorte, depois que uma catástrofe atingiu o planeta. Entre um limiar e outro, há incontáveis acasos. A vida vem desta grande quantidade de “golpes de sorte”. A ciência, ainda, não explica como uma substância inanimada de repente se transforma em uma coisa viva. Também não explica a expansão da vida de forma prodigiosa.

Igualmente a física, a biologia busca padrões na natureza, vislumbra leis naturais e prevê o futuro. Igualmente a física, a biologia enfrenta dois problemas que podemos chamar de legitimação da ordem estabelecida e a natureza destas leis. Quem legitimou estas leis? A Natureza ou Deus? Onde estão estabelecidas estas leis? Na matéria ou fora dela? Façamos novamente uma analogia com as leis humanas modernas. Estas geralmente resolvem o problema da legalidade com um processo político. As leis devem vir de uma autoridade. A legitimidade destas leis dá uma estabilidade, harmonia e ordem para a sociedade. Igualmente as leis biológicas dão uma ordem estável para a vida e as leis físicas dão ordem para o universo. 

A biologia e as ciências em geral vão advogar que as leis naturais não provem da autoridade de um homem ou de deus, mas emanam da “Natureza”.  Mas qual a natureza desta “Natureza”? Seria esta “Natureza” uma entidade com inteligência que se autorregula? Como a natureza autoproduziu as suas leis? Com um ato de vontade?

Não é comum a biologia enfrentar estas questões, mas a questão da natureza das leis biológicas também passa pelo metafísico, pois tais leis são processadas pela mente, uma base metafísica. As leis biológicas estabelecem padrões para regular a vida, mas não vemos tais leis explícitas na natureza. Não podemos também cheirá-las, tocá-las, saboreá-las e nem mesmo ouvi-las, mas temos que processá-las na mente. A lei da evolução não está escrita na natureza, mas pode ser vislumbrada mentalmente. Neste sentido, as leis biológicas, assim como as leis físicas, são leis metafísicas e não físicas.

Além da questão insolúvel do surgimento da vida para a biologia, ela também não encontra solução para a natureza da consciência. Esta é física ou metafísica? Como o cérebro gera a consciência? Em verdade, este imbróglio biológico da consciência é a questão metafísica. Toda vez que a ciência materialista enfrenta uma questão metafísica, ela entra numa rua sem saída.

A consciência parece ser indissociável da personalidade. Duas teorias disputam a explicação da formação da personalidade. Uma biológica e outra social. A biológica vai pregar que a personalidade tem origem na hereditariedade. No século XIX, o antropólogo inglês Francis Galton correlacionou personalidade e hereditariedade. A personalidade seria transmitida hereditariamente. Ele era primo de Darwin e inovou com o conceito de eugenia. Esta seria uma espécie de seleção artificial originada da teoria darwiniana da seleção natural. Com a descoberta da estrutura do DNA, a hereditariedade ganhou adeptos e diversos estudos aprofundaram nos genes.

No entanto, ainda não existe correlação plausível entre genes e os traços psicológicos humanos. A hereditariedade física é visível, mas a personalidade ou a consciência dos filhos é na maioria das vezes completamente diferente dos pais e dentre eles. Os filósofos foram os primeiros que abordaram a questão da influência do ambiente na constituição da personalidade. Para o inglês John Locke, a mente nascia como uma folha em branco que ia sendo moldada ao longo da vida da pessoa pelo ambiente.  Para o francês Jean Jacques Rousseau, o homem nascia puro, contudo era corrompido pela sociedade.

Psicólogos também advogavam esta tese fervorosamente. O psicólogo americano John Broadus Watson estabeleceu o behaviorismo nos Estados Unidos. Originado do substantivo inglês behavior, que é traduzido para o português como comportamento, o behaviorismo tem explicação cultural ou ambiental para o desenvolvimento do comportamento humano. Também para o psicólogo Burrhus Frederic Skinner, a conduta está ligada aos fatores ambientais. Ele introduziu o conceito de condicionamento operante. Em seu livro “Ciência e Comportamento Humano”, ele criticou o pensamento hereditário, acreditando que tal pensamento obscurece as variáveis que estão ao alcance de uma análise científica. Estas variáveis estariam na história ambiental e fora do organismo.

Como se vê, a polêmica é forte, mas pode piorar. Além da consciência, Freud estudou e adotou o termo subconsciência. Esta seria o local onde habitariam os desejos reprimidos. Ele usou a metáfora pop do iceberg para explicar a consciência e a subconsciência. A consciência seria a parte visível do iceberg e o subconsciente seria a parte submersa do iceberg. Esta explicação teórica não encontra relação com a realidade, pois a ciência ainda não sabe nem mesmo onde fica a consciência, superfície do iceberg, que dirá do subconsciente.

A psicologia deveria ser autoridade lógica para explicar a consciência, pois “psique” veio da mitologia grega, em contraposição da física, para representar a alma humana. Vale dizer, a psique deveria valorizar a metafísica em detração da física. Porém, a psicologia sem a base mecânica “não seria vista como uma ciência”. Neste sentido, sentimentos como amor, paixão, empatia, felicidade são apenas resultados de mecanismos materiais de hormônios como serotonina e dopamina. Esta ideia permite que cientistas acreditem numa possibilidade de fabricar hormônios sintéticos para criar o amor, a felicidade. A psicologia atua neste credo e não têm interesse existencial. Realmente, o corpo e o meio influenciam a consciência, mas eles são físicos, enquanto a consciência é metafísico, algo externo a eles. A consciência manipula a matéria pela vontade. 

Em um vídeo da internet, uma professora desenhou a representação de uma dopamina (neurotransmissor, uma substancia química do autocontrole) no quadro negro (verde, na verdade) e sentenciou: “isto aqui é algo físico, não é metafísico, não é espiritual”. Vamos discordar filosoficamente. Do ponto de vista físico, ela apontou para um quadro com desenhos e não para a dopamina em si. Do ponto de vista linguístico, a representação da dopamina é algo metafísico e não físico. Em seguida, ela afirmou que existe um monte de substâncias químicas cerebrais responsáveis pelas emoções, como medo, raiva. Não negamos a influência física no metafisico, da mesma que o metafisico influência o físico, pois eles estão em constantes interações. O erro é quando se nega a existência metafísica. 

Outra ciência moderna que se prontificou a desvendar a consciência foi a neurociência. O cérebro é visto como usina de energia. Ele seria uma máquina elétrica e química. A neurociência colocou eletrodos na cabeça das pessoas, percebeu uma movimentação elétrica e pronto! Acreditou que conseguiu desvendar a consciência com um mapeamento desta atividade elétrica no cérebro de acordo com determinados comportamentos. Vale dizer, estudar a consciência pela neurologia é implantar eletrodos na cabeça humana e mapear o cérebro, conforme registre atividade elétrica nos neurônios de acordo com os comportamentos produzidos.

No entanto, estes próprios cientistas perceberam uma propriedade do cérebro: a plasticidade. Acidentes em pacientes que perderam parte do cérebro demonstraram que tal mapeamento não é absoluto. Determinada parte do cérebro não danificada recebia atividades elétricas que antes cabiam à parte danificada. A divisão tradicional do cérebro, sendo o lado esquerdo ligado à razão e o direito ligado à emoção, deve ser reconsiderada devido à versatilidade cerebral.

Muito além disto, os modernos instrumentos neurológicos, como ressonância magnética e tomografia computadorizada, não acessam o conteúdo da consciência, somente acessível ao “dono” dela. Se acessarmos a consciência a partir da mesma consciência, contraria métodos científicos consagrados e, assim, não tem como explicar cientificamente a consciência. Esta é transcendental e limita a ciência mecanicista. Imbróglios científicos, como este e como a natureza da matemática, acontecem todas as vezes que a ciência investiga a realidade, acreditando que ser um estudo 100% físico, menosprezando a metafísica. 

Com esteio no pensamento científico materialista, se o cérebro em uma evolução biológica cresceu e nesta oportunidade criou a inteligência, então cérebros maiores deveriam ser mais inteligentes. Seguindo esta premissa, elefantes, baleias e até golfinhos deveriam ser mais inteligentes que os humanos. Sabemos que não é assim. Ainda, se alegarem a proporcionalidade entre o peso do corpo e o peso do cérebro, também haveria exceção na natureza. O corvo da Nova Caledônia tem o cérebro proporcionalmente maior que o do homem mediano.

Outra questão polêmica da consciência é a defesa do determinismo extremo sem liberdade inicial pela ciência que gera o problema da responsabilidade. Se a consciência não tem liberdade de escolher, como podemos culpar alguém pelos erros. Toda ação seria reflexo da causa e efeito dentro de mecanismos biológicos. Se não há liberdade na causa, como tribunais de justiça do mundo inteiro podem condenar os criminosos. Assim, a questão da responsabilidade não é enfrentada pela biologia. Comportamentos antissociais como homicídio e estupro seriam comportamentos naturais como ocorre no mundo animal. Não existe o “certo” e o “errado” no mundo animal-vegetal. Quando o leão degusta uma zebra, ele o faz pelo imperativo categórico da alimentação e sobrevivência. Não há implicações morais na biologia.  

Em socorro ao cientificismo e a humanidade, searas do conhecimento como as religiões, a ética e a ciência da direito trabalham como o certo e o errado. Na mesma onda de regulamentar comportamentos, as religiões também oferecem padrões universais de conduta para seguir sua moralidade. No Ocidente, a decálogo bíblico é o mais popular. Para regulamentar mandamentos das religiões cristãs, Deus teria criado os homens livres e iguais. Por causa da filiação divina, o homem seria dotado de direitos humanos. Oriunda desta ideia, a ordem social afirma ter origem em princípios universais como liberdade e igualdade. A Constituição Federal do Brasil, similarmente a Declaração de Independência Americana, prega em seu preâmbulo a existência de Deus. Este Deus criou os homens iguais e livres. O direito de igualdade das leis vem da ideia de igualdade do cristianismo. Este defende uma alma de origem divina e todas as almas são iguais e livres perante Deus.

 A biologia vai dizer que as pessoas não foram criadas por um deus, não são iguais e nem têm liberdade. Elas evoluíram e a evolução não é para ser igual para todos. A liberdade é um ideal político e não um fenômeno biológico. Não existem direitos de igualdade e liberdade na biologia que acredita em um processo evolutivo cego e sem propósito para a vida e o universo.  A biologia vê apenas células, órgãos, habilidades, características biológicas. Os pássaros voam não porque têm direitos, mas porque tem asas. Em contraposição a ordem biológica, a ordem imaginada humana leva a uma sociedade estável e prospera, a uma ordem estável.

Neste sentido a ciências do direito, as filosofias da ética e as religiões vão funcionar com princípios diferentes da biologia. Podemos escolher entre o bem e o mal. A escolha do bem nos leva a um propósito. Defendemos, não só os direitos humanos, mas também os direitos da vida. Defendemos o espírito humano.  Sem a ética, o direito e a religião, nós passaríamos para uma barbárie e a valeria o aproveitamento máximo da vida. O vale tudo pelo prazer extremo. Crimes e paixões são justificados se o universo não tem propósito. A busca pelo poder ilimitado e a luta de Hitler estão justificados. Pedofilia está justificada num universo sem finalidade. A vida tem propósito e a criação foi em termos de evolução e de mérito, não pronto e acabado como quer a gênese bíblica.

Vamos usar a matemática para fazer contraponto a biologia e ao pensamento científico. Desde a Grécia antiga, o principal método matemático é o axiomático-dedutivo. Este método elabora um conhecimento ao estabelecer verdades não demonstradas (os axiomas); isto gera outras verdades por meios lógicos (interação lógica). Os axiomas derivam consequências lógicas e deterministas. Euclides demonstrou este método em sua obra “Os Elementos”. O método axiomático-dedutivo virou paradigma e modelo para toda a matemática.

Depois da crise das geometrias não-euclidianas, a liberdade ganhou força na declaração dos axiomas. Antes, os axiomas eram considerados auto evidentes e eram rígidos. Agora, os matemáticos ganharam liberdade para escolher os axiomas. O número zero pode ser ou não ser considerado um número natural. Mas depois de definidos os axiomas, as interações lógicas são deterministas, os teoremas são absolutos. Este método lógico pode ser percebido em toda matemática. Depois de definidos o conjunto de números e operadores, a interação entre eles é lógica. Você pode escolher somar, subtrair, dividir, multiplicar os números inteiros 10 e 5, 4 e 2, 13 e 3 ou quaisquer outros números. O que é isto senão liberdade de escolha. Mas, se você escolher subtrair 13 – 3, já não há mais liberdade, mas determinismo ou, no caso, igualdade.

Então, liberdade e igualdade são compatíveis. Um não exclui o outro e nem o outro exclui o um. A causa e efeito funcionam também no mundo biológico em forma de liberdade e determinismo. Você pode escolher plantar arroz ou feijão. Aqui temos a liberdade de escolha. Mas se escolher plantar arroz, vai colher arroz. Aqui temos o determinismo. Como dizem os espiritualistas: a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.

Contudo, físicos e biólogos gostam de ver a vida em termos de determinismos materiais, mas não em termos de determinismos cósmicos. A ordem biológica pura é incompleta, pois nos leva a uma evolução cega. A biologia também contém padrões que revelam uma ordem biológica. A física é a interação entre objetos inorgânicos. A biológica é a interação entre a vida. O imperativo biológico contém forças (instintos) atuando na vida, demonstrando padrões e garantindo a perpetuação da espécie. Imperativo é um adjetivo que significa ordem e determinação. Alimentação, reprodução e a sobrevivência são imperativos biológicos. A genética comandaria estas forças. O homem ainda tem resquícios destas forças. Levantamos institivamente o braço quando somos atacados ou algo vem em nossa direção.

Entretanto, até quando esta força biológica atua? Quanto o imperativo biológico deixará de agir? Há um plano oculto? Para nós, o imperativo biológico atua plenamente até a chegada do pensamento abstrato, ou melhor, até a chegada da metafísica. Entre os animais, a caça é natural para alimentação e sobrevivência do outro. A pena de morte no mundo dos homens, antes tão comum e natural, é hoje tão combatida e negada, contrariando o imperativo biológico e cedendo ao coletivo. A sociedade, esse coletivo em sua evolução, continua enfraquecendo imperativos biológicos. Ainda, o homem vive os imperativos biológicos. Como os animais, ele tem que alimentar, reproduzir e sobreviver. Na natureza não há imediatismo, tudo é um processo.

Neste sentido, imperativos culturais estão superando imperativos biológicos rapidamente. Desde as cavernas, o homem já utilizava a representação simbólica, demonstrada pelas pinturas rupestres. Isto iniciou a superação dos instintos e preparou o homem para o pensamento mitológico. Em seguida, vieram os pensamentos religiosos e filosóficos sobre uma ordem metafísica. A ciência assumiu o pensamento humano. A física e a biologia vislumbraram uma ordem material na existência, enquanto as ciências sociais promoveram a ordem social. 

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