1 - Disposições Iniciais
Ao longo da história, estudiosos têm debatido as semelhanças e diferenças entre matemática, lógica e linguagem. As palavras, ao assumirem diferentes significados de acordo com o contexto, frequentemente complicam tais comparações. Filósofos gregos antigos, por exemplo, questionavam se as palavras imitavam as coisas ou se eram produtos de convenção, contemplando a ideia de uma ordem metafísica que organizasse a linguagem.
Modernamente, surgiram escolas que ora enfatizam as semelhanças, ora as diferenças entre as linguagens. O Formalismo, por exemplo, defende as semelhanças e propõe a existência de uma gramática universal, racional e autônoma. Esta abordagem considera a língua-ideal e generaliza o estudo do todo. Por outro lado, a Sociolinguística destaca as diferenças, focando-se nas particularidades regionais, sociais e históricas, e estudando a língua-real.
O Estruturalismo, contemporâneo a estas escolas, foca nas estruturas da linguagem sem se preocupar com a normatização ou a história. Para os estruturalistas, cada elemento da língua possui valor próprio, mas sempre em relação ao todo. Nessa visão, a linguagem é comparada a um jogo de xadrez, onde cada peça tem identidade e seu valor depende do contexto e de sua relação com outras peças.
No desenvolvimento posterior, Noam Chomsky inovou com o Gerativismo, propondo que poucas regras gramaticais poderiam gerar uma infinidade de frases e significados. Para ele, a riqueza da linguagem não estava nas suas variações superficiais, mas sim nas semelhanças estruturais que podiam ser aplicadas universalmente.
Diversas teorias linguísticas se debruçam sobre essas questões, mas ainda não há uma definição única e consensual do que seja "língua". A concepção de língua varia conforme o enfoque adotado: como representação do pensamento, como código de comunicação ou como construção social. E, de acordo com a perspectiva teórica, o sentido de um texto pode variar, sendo construído a partir de diferentes interações entre dados e contextos.
Filósofos como Ludwig Wittgenstein contribuíram para essa discussão. Em sua obra "Investigações Filosóficas", ele primeiro tentou construir uma linguagem ideal, onde cada frase seria uma representação lógica e precisa de um fato. No entanto, Wittgenstein posteriormente reconheceu que a linguagem é mais do que lógica pura; seu significado depende do uso contextual e da interação entre falantes.
Jaques Derrida, por sua vez, promoveu a desconstrução dos textos, argumentando que o significado das palavras depende das suas relações e do contexto. Essa perspectiva enfatiza a natureza instável e mutável da linguagem, onde o sentido não está no texto em si, mas é construído a partir dele, similar à metáfora do iceberg, onde uma pequena parte visível esconde uma vasta profundidade de significados implícitos.
As diferentes escolas de pensamento linguístico mostram, então, que ora se foca na forma e na estrutura universal da língua, ora na função e no uso contextual da linguagem. Embora pareçam inconciliáveis, essas abordagens são complementares, refletindo a complexidade da realidade, onde o todo e a parte, o micro e o macro, coexistem e interagem.
Portanto, podemos definir a língua como a interação dinâmica entre palavras, contexto e significado. No decorrer deste estudo, vamos explorar como essa concepção se aplica não apenas à linguagem, mas também à matemática e à lógica, áreas que, apesar de suas diferenças, compartilham um fundamento comum de busca por sentido e compreensão da realidade. A matemática, por exemplo, embora abstrata e fora das dimensões de tempo e espaço, é utilizada para descrever e mensurar o mundo físico.
Em suma, nosso estudo propõe que a lógica e a matemática, ao serem expressas pela linguagem humana, enfrentam os desafios da interpretação e da comunicação. Conectar essas disciplinas revela a necessidade de precisão e clareza no uso da linguagem, destacando as inter-relações entre gramática, lógica e matemática, e como elas refletem e constroem nossa compreensão do mundo.